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18 junho 2013

O Futuro da Educação é com Todos Nós!

Ontem não foi apenas mais um dia de greve mantida por uma classe profissional justamente inconformada com alterações lesivas das suas condições de trabalho e direitos laborais ofendidos.

O que esteve – e está – em causa é uma manifestação inequívoca de toda uma classe profissional que assume a responsabilidade (e o ónus!) de reclamar contra as sucessivas medidas que, nos últimos anos, vêm pondo em risco um direito fundamental – o direito à educação – e fazem perigar uma instituição nuclear do estado democrático – a escola pública.

Contrariando a desinformação que vem acompanhando todo este processo, o melhor é dar a palavra aos professores empenhados nesta luta. Por isso, com autorização da Autora, Maria do Céu Tostão, transcrevo o seu testemunho pessoal de resposta a alguém que, de boa fé, apenas via na greve um braço de ferro de uma luta político-partidária.

O que me move, assim como a milhares de professores, não é o discurso da Fenprof, nem a agenda do PCP. Não nos identificamos com isso.

O movimento de contestação dos professores é a ponta do iceberg de um gigantesco problema. O nosso país regride a uma velocidade tremenda em sectores vitais. As nossas escolas estão cheias de filhos de desempregados, de miúdos que passam fome, de gente que vem sendo trucidada pelas medidas de austeridade, gente que estiola ou se marginaliza. Os professores, que também têm família, viram o seu estatuto proletarizado, o seu salário sucessivamente reduzido, o horário de trabalho violentamente acrescido, as funções multiplicadas e a ameaça de desemprego é crescente mesmo para quem já tem 54 anos como eu. Não podemos mais calar nem aceitar o "aguenta, aguenta!", enquanto outros continuam intocados e impunes face ao estado em que o país se encontra.

 O que me/nos comove é o estado a que esta Nação chegou! É a falta de confiança nas políticas, nas instituições, é a falta de esperança e de futuro. Penso que a si também incomoda. Se não forem os cidadãos e as cidadãs a tomar em mãos o momento actual, a História dirá de nós que fomos cobardes e cúmplices ou omissos. As gerações futuras não entenderiam o nosso silêncio nem a nossa demissão. Não é mais possível calar.

Com este desabafo, sincero e lúcido, deixo um duplo apelo; que esta greve de professores venha abrir, na sociedade civil, um espaço vocacionado para um debate profundo sobre o direito à educação que identifique as opções fundamentais em causa; que, desde já, se redobre a vigilância sobre os processos destrutivos em curso e se mantenha viva uma denúncia coerente de empobrecimento da escola pública.

1 comentário:

  1. Agradeço à Professora Manuela Silva o destaque que quis dar ao meu modesto contributo para esta causa.

    Gostaria de acrescentar mais duas reflexões pessoais que decorrem da experiência vivida e da observação atenta do que se passa em Portugal:

    1 - Há, entre os professores, muitos que pensam que o Estado está refém de uma classe política incompetente e com uma visão instrumental da democracia que está a atingir níveis nunca experimentados nos últimos 35 anos. Ora, é nossa obrigação, enquanto cidadãos, denunciar, despertar consciências e, como se tem vindo a constatar, estalou o verniz e caíu a máscara dos que, intitulando-se democratas, revelaram tiques de autoritarismo que pareciam estar relegados para o pó da História.

    2 - Estamos conscientes da fragilidade da nossa posição face à máquina poderosa que debita desinformação; face à tentação de manipulação e instrumentalização partidária; face ao nosso próprio cansaço e desgaste financeiro e psicológico, mas interrogamo-nos:

    se não formos nós a dar um sinal, quem mais poderá/deverá faze-lo? se não for agora, quando poderá ser? quanto mais tempo teremos de esperar até que seja conveniente para todos e não incomode ninguém? quem mais quererá vir connosco?

    O tempo da denúncia poderá alguma vez ser puro, favorável e consensual para todos?

    O nosso tempo de agir é hoje e teremos de fazer caminho com quem quiser vir. Não podemos adiar mais o grito da mudança, temendo riscos, incómodos, aborrecimentos, opiniões desfavoráveis e impurezas.

    Obrigada pelo vosso sinal de interesse e por este post dedicado a esta causa: a Educação e a Escola Pública.

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