Há algumas novidades no
início do presente ano lectivo. As turmas são maiores, há mais professores no
desemprego, existe a intenção de tornar obrigatório o ensino profissional a
partir de um certo número de reprovações e numa idade muito precoce…
Vale a pena, então, voltar a
reflectir sobre o que pretendemos para a política da Educação. Daí que me
pareçam particularmente estimulantes dois apontamentos surgidos recentemente na
imprensa.
O primeiro tem a ver com o
valioso contributo para o debate sobre o ensino público que Joaquim Azevedo escreveu
no jornal Público de 2 de Setembro (A
educação em contraciclo). Defende Azevedo que é necessário criar nas
escolas as condições para que os alunos que concluíram o 9º ano de escolaridade
sejam bem recebidos e acolhidos no nível secundário. “Todavia, este caminho não será seguido se: limitarmos drasticamente as
opções que os alunos podem realizar, sobretudo as vias profissionais e
artísticas; se reforçarmos a selectividade, em vez de proporcionarmos a
formação e promoção de todos os alunos, sem excepção, gerando as alternativas
curriculares que as escolas puderem e souberem construir (melhorando sempre as
trajectórias, com o apoio dos pais, das autarquias, dos actores locais); se
considerarmos que sem um apoio selectivo aos alunos com maiores dificuldades de
aprendizagem se obterão bons resultados”. Defende-se ainda que, neste
momento, num contexto de crise, de escassez de recursos e de aumento da pobreza
e das desigualdades, a política pública de Educação deveria seguir em
contraciclo.
O segundo respeita à
abertura do centésimo banco de troca de manuais e ao desafio do fundador do
Movimento pela Reutilização dos livros escolares para que o governo faça desta
troca uma atitude normal, com impacto no ambiente e na economia das famílias.
Graças ao trabalho dos muitos voluntários, que oferecem e recolhem os manuais,
pode-se dizer que este Movimento tem tido sucesso, importando agora que o
recurso aos livros usados não seja apenas para ajudar as famílias pobres, o que
as estigmatiza, mas constitua um passo na luta contra o desperdício e a
insustentabilidade ambiental.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários estão sujeitos a moderação.