Páginas do Blogue

31 julho 2012

O Amor como Critério de Gestão


O evento já ocorreu há 3 meses, mas só agora tive ocasião de ler o discurso do Presidente da ACEGE na inauguração do 5º Congresso desta Associação, realizado nos primeiros dias do passado mês de Maio.

Falar abertamente do amor como critério de gestão empresarial é, certamente, uma ousadia e uma provocação. E, mais ainda, se tivermos em conta o público-alvo do discurso: empresários e gestores, habituados a outras matrizes conceptuais e a critérios de desempenho bem distintos.

Penso que vale a pena assinalar as palavras do Presidente António Pinto Leite e deixar nota de algumas das suas afirmações. APL fala a partir da sua própria convicção e experiência e, por isso, as suas palavras ganham credibilidade e, no mínimo, suscitam atenção e escuta.

Do seu discurso (a ler na íntegra) respigam-se para a Areia dos dias, estas afirmações:

O amor como critério de gestão tem uma definição muito concreta: significa tratarmos os outros como gostaríamos de ser tratados se estivéssemos no lugar deles. E quem são os outros? São os colaboradores, os clientes, os fornecedores, os acionistas, os concorrentes, a comunidade e as futuras gerações. Não consigo ponderar um critério nem mais simples nem mais operacional para o discernimento ético empresarial.

No plano económico, o valor de um conceito deve ser avaliado respondendo a uma pergunta: qual a consequência em termos económicos se todos os decisores empresariais passassem a actuar segundo este princípio? Não tenho uma dúvida em responder que seriamos mais competitivos, mais ricos e teríamos uma sociedade muito mais justa. É essencial que a universidade investigue este conceito.

APL aponta, também, pistas para repensar a noção de valor e, consequentemente, os indicadores de desempenho da gestão empresarial, elencando um conjunto de interrogações:

Quanto vale uma organização em que os colaboradores acreditam ser amados? Quanto vale uma empresa de voluntários? Quanto vale uma empresa de pessoas felizes? Quanto vale um trabalhador em harmonia com a sua dimensão familiar? Quanto vale em sustentabilidade, em retenção de talento, em gestão da mudança, em inovação, em «commitment», em «extra mile», em alinhamento? Quanto vale em quebra de absentismo e em produtividade?
...
Quanto vale a confiança nos negócios? Quanto vale um cliente ou um fornecedor que acredita que será sempre tratado pela outra empresa como ela cuidaria de si mesma?

Quanto vale em relações comerciais recorrentes, em planeamento estratégico, em eficiência, em gestão da marca? Quanto vale um parceiro no lugar de um cliente ou de um fornecedor?

Olhando ao futuro, deixa mais esta oportuna interrogação:

… quanto vale um jovem? Quanto vale esta nova geração que criámos nos últimos dez, vinte anos e que está a partir e a encantar o mundo? Quanto vale esta nova geração se for orientada por valores e por ideais e não apenas por objectivos?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Os comentários estão sujeitos a moderação.