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22 junho 2011

A hegemonia do paradigma liberal na Europa

Assistimos no continente europeu ao predomínio da corrente liberal como fundamento das políticas económicas nacionais e da própria União Europeia.

O que não sucede noutras regiões do planeta, seja na América do Norte ou do Sul, na África e na Ásia. Como explicar o facto?

Recorde-se que, em 2008 e 2009, em plena crise generalizada da economia mundial, muitos pensavam que surgia uma grande oportunidade de reformar o sistema do mercado global, uma vez que se considerava ser a completa liberdade concedida aos movimentos do capital financeiro a origem da crise. Portanto, tratava-se de criar novos mecanismos justos e eficazes de regulação das economias nacionais e internacionais.

Porém, poucos anos volvidos, verifica-se uma forte tendência para o regresso ao business as usual.

É certo que, ao mesmo tempo, há uma notória intensificação de grandes manifestações de massas descontentes do presente curso de acontecimentos. Mas são sobretudo sinais da impotência dos actores da política formal para serem realmente influentes nesse curso. E, na Europa, é também flagrante a incapacidade das oposições ditas «de esquerda» para criarem alternativas viáveis ao business as usual.

A política partidária formal está cada vez mais desacreditada. Todos percebem que os verdadeiros «poderes» não estão nas mãos daqueles que são escolhidos pelos eleitores e que, afinal, duma forma ou outras, acabam por ser consciente ou inconscientemente manipulados pelos poderes efectivos.

Mas também se constata a carência dum sólido modelo de pensamento alternativo do dominante paradigma liberal.

Modelo que, acentue-se, não será possível construir apenas na base da chamada «teoria económica pura», mas deverá ter como fundamento aprofundada análise de sociologia económica do presente capitalismo do mercado global.

1 comentário:

  1. O pior do "business as usual" não são as consequências da crise mas sim o facto de se manter intacto o potencial de uma nova crise de proporções ainda maiores.

    Quanto ao modelo, estará na hora de se procurar alternativas, não tanto por se afastarem de uma ou outra teoria que já existe mas por serem capazes de integrar tudo o que existe.

    Nesse aspecto a dicotomia esquerda/direita tem sido redutora pois cada um dos campos tem uma enorme tendência para ignorar o que o outro diz e parece fazer questão de ter modelos sem "contaminações" do outro campo.

    Mas, tendo em atenção ao contexto deste blog, como pode a fé cristã e a doutrina social da Igreja contribuir numa procura de modelos mais adequados à realidade e à construção de uma realidade mais humana?

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