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04 abril 2011

QUE PARVOS NÓS SOMOS!

A Deolinda criou uma espécie de hino nacional dos jovens desempregados ou mal empregados do nosso País.
Reza assim, nos trechos mais expressivos, como o leitor provavelmente já conhece: Que parva eu sou... Isto está mau e vai continuar... Para ser escravo é preciso estudar... Filhos, marido, estou sempre a adiar
Mas conclui, com força e veemência: Isto já dura há tempo demais E parva não sou
Todavia, não é clara no que vai fazer a seguir. Talvez misturar-se na grande manifestação da «geraçâo à rasca» que em boa medida a própria Deolinda suscitou. O entusiástico aplauso da jovem assistência, que ouvimos na gravação da canção, mostra bem como se identificaram com a Deolinda.
Podemos então perguntar:
Seremos todos «parvos» em Portugal, mesmo ou particularmente os jovens? Ou serão apenas os «políticos» que parvamente nós escolhemos? Ou serão antes as mais velhas gerações que tão profundamente semearam a «parvoíce» por todo o lado?
Não é fácil responder a tão perturbadoras questões, pelo menos para o «parvalhão» que escreve estas linhas.
Mas que ( mal ou bem) tem o direito de pensar o seguinte:
1) As novas gerações em Portugal, puderam geralmente ter acesso a níveis de conhecimento muito superiores às gerações anteriores.
2) Esse conhecimento gerou uma expectativa de futuros melhores ou muito melhores, do que o presente e o passado, mesmo recente.
3) Na realidade, essas expectativas saíram em larga medida goradas, e só nalguns casos a emigração poderá permitir realizá-las, ao menos em parte.
4) A distância crescente entre aspirações e expectativas gerou um clima geral de desencanto, revolta e frustração.

Moral da história: para sair deste deprimente panorama é preciso inventar, no pensamento e na acção, novos futuros para a economia e a sociedade portuguesas. Qual a receita? A resposta fica para outro dia. É preciso, além do mais, ter paciência.

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