De há muito que algumas vozes conceituadas no mundo académico e não só vêm alertando os líderes políticos para os limites do crescimento económico. Contudo, quer os governos nacionais e, no caso da Europa, as estruturas comunitárias quer as organizações de governação supra nacionais parecem não dar ouvidos a estas advertências, desqualificando-as e adiando eventuais soluções para futuros incertos e longínquos.
Até quando a economia continuará a ficar dependente do crescimento económico e este assente num modelo energético, a vários títulos, insustentável?
A recente subida do preço do barril de petróleo, para patamares até há pouco inimagináveis, e os valores previsíveis para os próximos meses vêm colocar, mais uma vez, de sobreaviso a comunidade mundial.
Investigadores competentes, como Richard Heinberg, adverte que esta nova escalada de preços não se deve apenas à turbulência política que se vive em alguns dos países produtores, mas é, sobretudo, uma consequência do próximo esgotamento de reservas de petróleo em jazidas de menores custos de exploração. Doravante, a obtenção do mesmo barril de petróleo exigirá um custo de extracção muito superior àquele que hoje conhecemos. E, assim sendo, as consequências para esta economia serão de monta.
Considerando o peso do petróleo no modelo de crescimento económico que conhecemos (impacto na produção de energia, mas também nos transportes, como enquanto matéria prima de muitas indústrias e uso directo ou indirecto numa agricultura fortemente intensiva em energia), a hora da verdade vai exigir dos responsáveis políticos que dêem às populações dos seus países e áreas de influência sinais concretos de que o crescimento económico não é ilimitado e nem sequer é sustentável a médio prazo o patamar actualmente alcançado. Estas são aparentemente más notícias que os governantes temem dar aos seus concidadãos, mas, se o não fizerem atempadamente e de modo pedagógico, apresentando e viabilizando alternativas de melhor qualidade de vida não dependente de mais consumo e de sistemas produtivos intensivas em petróleo, ver-se-ão obrigados a ter de enfrentar altos níveis de perigosa conflitualidade, entre outras razões, por uma situação tão básica como a previsível escassez de bens alimentares acompanhada de aumentos significativos dos respectivos preços.
Estes são os cenários que temos pela frente para a próxima década. Por isso esta é a hora da verdade para a qual todos estamos convocados/as.
È bom que os sistemas estatísticos que servem de suporte à fundamentação da política económica e à avaliação do seu desempenho comecem, pois, a substituir os indicadores habituais centrados nas taxas de crescimento económico por outros que traduzam a qualidade de vida das pessoas e a sustentabilidade da economia.
"...o crescimento económico não é ilimitado e nem sequer é sustentável a médio prazo o patamar actualmente alcançado."
ResponderEliminarReferindo-se à sustentabilidade a médio prazo, autoriza a leitura de que até ver o crescimento económico ainda é sustentável. Mas há leituras divergentes, nomeadamente as que têm sido desenvolvidas com base nos balanços energéticos envolvidos nos processos produtivos, como as realizadas por David Pimentel, p.e..