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23 janeiro 2011

Pluralismo na Ciência Económica

A crise económica a que assistimos nos últimos anos veio dar razão aos professores e aos investigadores da ciência económica que, pelo menos desde os anos 70, têm mantido uma postura crítica acerca dos pressupostos em que assenta a corrente neo-liberal dominante na disciplina e os instrumentos de modelização de que aquela se serve. Recordem-se as críticas dirigidas aos modelos de crescimento económico, às políticas de ajustamento estrutural e regulação macroeconómica, ou aos indicadores de desempenho, que há quase meio século vêm sendo produzidas.

Mas a Academia e os centros de decisão económica, a nível mundial e comunitário, como a nível nacional, têm-se mostrado relutantes em acolher novos paradigmas de conhecimento, persistindo na crescente sofisticação dos seus modelos econométricos elaborados à revelia de valores morais, sob o pretenso argumento da neutralidade da ciência económica, ignorando a vertente institucional e política, desprezando os contributos de outras áreas disciplinares, desde a sociologia à neurociência e às ciências comportamentais.

As instituições públicas de apoio à investigação científica têm, a este propósito, uma responsabilidade acrescida relativamente aos critérios que seguem na selecção dos projectos de investigação que lhes são apresentados. Tais critérios não devem discriminar negativamente os projectos que optam por quadros de referência teórica distintos da corrente de pensamento dominante. Ao invés, devem apreciar o seu contributo para o necessário e são pluralismo na ciência económica.

É esse o teor de uma carta subscrita por um conjunto significativo de professores e de investigadores que acaba de ser dirigida ao Presidente da FCT.

Espera-se que as suas vozes sejam ouvidas!

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