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01 dezembro 2010

"Afinal Vale a Pena Protestar!"
...e não desistir de procurar outras propostas

Dizia o Semanário Sol, em edição publicado há já alguns dias, que os salários iam baixar, os horários aumentar, o 13º e 14º meses ficar em causa, a idade da reforma passar para os 70anos, o rendimento mínimo garantido reduzir drasticamente, o subsídio de desemprego diminuir, a acumulação de reformas ficar limitadíssima. Em suma, “muitas das conquistas dos trabalhadores na Europa, obtidas no pós-guerra, iriam regredir”. Em conclusão, teríamos de nos “adaptar à nova situação, o que significa de uma maneira simples trabalhar mais e ganhar menos”. A finalizar, “Preparem-se porque não vale a pena protestar. O que não tem remédio, remediado está”.
De facto, se os remédios adoptados forem os preconizados e postos já em andamento, de acordo com as prescrições dos Ministros das Finanças da União Europeia, será mesmo isso que vai acontecer. O que é nefasta é a convicção, que paulatinamente vai tomando a opinião pública, de que não há outras receitas para lidar com a crise, senão as que nos são proposta pela ideologia dominante.
A ideia de que as medidas que estão a ser tomadas, no país e a nível europeu, são inelutáveis não impedem, porém, que se aceite com naturalidade que os dividendos sejam levantados antes de tempo, para que não sejam confrontados com as restrições impostas pelo OE de 2011, ou que as remunerações dos altos quadros de algumas empresas públicas não sofram qualquer redução, ao
contrário do que vai acontecer com as dos restantes trabalhadores.
Ora, o que desde há muito tempo está a acontecer é que os lucros avultados e as hiper-remunerações coincidem com o peso crescente, em termos percentuais, das remunerações mais baixas, agravado pela crescente precarização do trabalho, mesmo em relação à mão de obra mais qualificada, como é o caso dos jovens diplomados.
No entanto, importa não esquecer que o mérito de muitos gestores de topo se encontra, em larga medida, disseminado por outros profissionais. Por outro lado, a ligação entre remunerações e cumprimento dos objectivos da empresa nem sempre é inquestionável, para já não falar do processo de fixação desses objectivos, bem como da necessária articulação entre as metas de curto e de médio e longo prazo. De referir também a instrumentalização e até exploração dos trabalhadores pelos titulares dos dividendos e das remunerações excessivas. Basta olhar para as tese do “emagrecimento” das empresas, em termos de pessoal e do poder dos trabalhadores, ao provocarem despedimentos, precarização, outsourcing, etc., em moldes que, em muitos casos, denotam falta de hombridade e de competência na gestão dos recursos humanos.
Daí que importe afinal protestar e não desistir de procurar e ensaiar outras propostas.

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